O bairro pobre e a OlimpÃada
Daqui a um ano e meio, uma das áreas que há dois anos era uma das mais negligenciadas e carentes de Londres estará, por três semanas, no centro das atenções da mÃdia mundial.
Dezenas de milhares de pessoas estarão desembarcando diariamente nas estações de metrô, trem ou ônibus do distante bairro de Stratford na zona Leste da cidade, uma espécie de Itaquera londrina, que está passando por uma transformação fenomenal.
Nesta semana, visitei a região com um grupo de jornalistas da ³ÉÈËÂÛ̳. Fomos conhecer o maior canteiro de obras da cidade, a área cercada de 2,5 km² - o equivalente a 357 campos de futebol - que estará no coração da OlimpÃada de 2012: o Parque OlÃmpico.
É ali que vão ficar o Estádio OlÃmpico (onde serão realizadas as cerimônias de abertura e encerramento e as provas de atletismo), o centro de mÃdia, o centro aquático, o velódromo, a Vila OlÃmpica (onde ficarão hospedados os atletas) e os ginásios de basquete, hóquei e handebol.
É ali também que o governo britânico está, em meio à mais grave crise economica enfrentada pelo paÃs nas últimas décadas, investindo 8 bilhões de libras (R$ 23 bi) de dinheiro público em um audacioso projeto: o de usar a OlimpÃada para regenerar uma área abandonada da cidade, criando uma comunidade autosustentável que, assim que os Jogos estiverem terminados, será integrada ao bairro, permitindo que a cidade e os moradores locais possam aproveitar um novo parque, novas moradias e centros esportivos de primeira qualidade.
Pelo menos é o que a Olympic Delivery Authority está vendendo - e que parece estar andando no caminho certo, pelo que pude constatar in loco.
Até o inÃcio de 2008, o que havia ali eram indústrias abandonadas, descampados, torres de transmissão de energia elétrica, lixões e conjuntos habitacionais precários, espalhados sobre uma região pantanosa cruzada pelo rio Lea.
Aos poucos a área foi limpada, centenas de casas e prédios demolidos e as linhas de transmissão movidas das torres para túneis subterrâneos. Cerca de 75% da terra local estavam contaminados, seja com gasolina, piche, metais pesados - tudo foi descontaminado com máquinas especias que "lavam" a terra.
Os canais e riachos ligados ao rio Lea foram limpados e aumentados para permitir o retorno de pássaros, peixes e anfÃbios ao seu habitat natural restaurado- e atrair as hordas de birdwatchers (observadores de pássaros) londrinos.
Dezenas de tipos de espécies nativas de árvores estão sendo plantadas, e uma rede de novos caminhos, ciclovias e áreas de piquenique está planejada para permitir passeios à pé ou de bicicleta.
As obras vão de vento em popa. As estruturas estão todas erguidas, o Estádio OlÃmpico, o velódromo e o centro aquático - desenhado por Zaha Hadid, com um teto gigantesco sustentado por apenas três blocos de concreto - já tem uma "cara".
Uma estação geradora de energia elétrica - a partir de gás, um sistema supostamente aprovado pelo Greenpeace - que vai alimentar o Parque está pronta e deve entrar em funcionamento ainda neste mês. O Parque também ganhará uma estação de tratamento de esgoto própria.
O que não tiver uso depois dos Jogos será desmontado, vendido e reerguido ou reaproveitado em outra parte do paÃs, como o ginásio do basquete e grande parte dos assentos do Estádio OlÃmpico e do Centro Aquático. A Vila OlÃmpica, onde ficarão os atletas, vai ser transformada em 3 mil novas moradias populares.
O que testemunhei foi algo como a metade do caminho nessa enorme transformação. Se levar em conta que os Jogos só começarão daqui a 959 dias, contados a partir desta sexta, 11 de dezembro, não vejo razões para duvidar de que o que foi prometido será cumprido.
É um projeto que tem tudo para inspirar as autoridades fluminenses na sua preparação para Rio 2016. O negócio é gastar e construir, com um olho no sucesso de um evento que gera empregos e divulga o paÃs, e com o outro na recuperação e desenvolvimento de uma área carente.
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
É muito legal o que o governo britânico esta fazendo para as olÃmpiadas de 2012 no seu paÃs, e eu acho que o governo do Rio deveria copiar essa ideia.