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Arquivo para maio 2009

Um perigoso sol submarino

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Rafael Gomez | 23:57, quinta-feira, 28 maio 2009

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Se você gosta de mergulhar e mora no sudeste, provavelmente você já esteve em Ilha Grande (RJ). Até umas semanas atrás, não era meu caso, mas decidi que já era hora de corrigir esse erro imperdoável e lá fui eu.

Saí com um barco até o local de mergulho. O tempo estava ótimo, não chovia fazia algum tempo e o mar estava uma piscina, o que ajudou a ver direito a incrível fauna marinha. Além dos inevitáveis sargentinhos - um peixe nada tímido e bem comum por aqui, com listras verticais - vi moreias, tartarugas, peixes-borboleta e muitos corais.

E, entre esses corais coloridos, um parecia onipresente. Geralmente amarelo, o coral-sol (do gênero Tubastraea) forma colônias circulares com uns 15 cm ou mais de diâmetro, com pólipos filamentosos que só se abrem na escuridão. Como na foto aí em cima.

São lindos, e eu quis saber mais a respeito deles. Qual não foi minha surpresa quando descobri, com o biólogo dono do barco, que esse ser vivo na verdade é uma praga que está rapidamente se espalhando pelos melhores locais de mergulho do sudeste, especialmente Ilha Grande.

Ele me contou que o coral-sol, natural do Indo-Pacífico, surgiu na região há alguns anos trazido pelos navios vindos de oceanos distantes. Durante a navegação, o navio carrega dentro de si litros e litros de água que servem para estabilizá-lo em determinadas condições - a chamada água de lastro. Dentro dessa água, coletada às vezes a milhares de quilômetros do Brasil, também são transportados espécies locais. Ao soltar a água no litoral brasileiro, essas espécies encontraram uma nova fronteira para proliferarem - e muito. Há outras hipóteses para o surgimento desse "estrangeiro", que começou a ser registrado no litoral brasileiro na década de 80. Biólogos acreditam que eles podem ter vindo parar aqui ao se fixarem no casco de navios, por exemplo.

O coral-sol, que se reproduz bem rápido, compete diretamente com espécies nativas de coral, entre elas o coral-cérebro (Mussismilia hispida), que só existe na costa brasileira. O dono do barco disse que há projetos para remover eles manualmente, em mutirões. Há, por exemplo, . Ainda assim, meu amigo disse que, como morador de Ilha Grande, acha que esses projetos ainda são muito tímidos. Terminamos a conversa com eu falando a ele que tinha um aquário de água salgada em São Paulo e ele me incentivando a arrancar uns corais-sol para levar para casa. Daria muito trabalho e desisti.

De volta à capital paulista, fiquei pensando na sugestão do biólogo e fui à minha loja de aquários favorita procurar um coral-sol para comprar. Encontrei. Mas aí, desisti de levar, absolutamente inconformado com o preço: R$ 75 por uma mudinha pequena, US$ 380 por uma grande. Aquarismo marinho é um hobby bem caro, mas cobrar isso por uma praga me pareceu uma piada. Aí o vendedor explicou: "Esses aí não são nacionais. O Ibama proíbe a venda de corais nacionais. Esses são importados."

Por incrível que pareça, até hoje o não tem uma lista nacional de espécies exóticas e invasoras. Alguns Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, já produziram suas relações. No seu site, . Depois, em uma conversa por telefone com um representante do Ministério, descobri que um diagnóstico nacional de espécies invasoras está para ser publicado nos próximos meses.

A importância de se ter esse diagnóstico é clara: em muitos casos as pessoas nem sabem que uma espécie é invasora e pode ser na verdade uma ameaça. Aliás, muitas pessoas, pensando na preservação do meio ambiente, defendem com unhas e dentes que as pessoas não pesquem, não caçem, não coletem nem vendam espécies que encontram na natureza. Mas veja o caso do coral-sol. Saber quais espécies são "alienígenas" também permite a formulação de estratégias para evitar que proliferem.

Cientistas dizem que o mundo perdeu 19% de seus recifes de coral desde 1950 e outros 15% estão seriamente ameaçados de desaparecer nas próximas duas décadas. Neste ano, pela primeira vez, o relatório Status dos Recifes de Mundo, da Rede Mundial de Monitoramento de recifes de Coral, dedicou ao Brasil um capítulo especial. O documento destaca como os corais brasileiros estão em perigo devido à poluição, a sedimentos e doenças. Com o coral-sol, e outras espécies invasoras, esse perigo à rica fauna marinha brasileira está cada vez maior.

Será que junho vai acabar?

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Eric Camara | 16:10, quarta-feira, 27 maio 2009

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A semana que vem só vai acabar em dezembro, se acabar. Digo isso, porque entre 1 e 12 de junho, acontece a segunda rodada de negociações sobre mudanças climáticas em Bonn, na Alemanha.

O encontro vai ser o primeiro a discutir as minúcias do acordo que se pretende assinar na reunião de Copenhague, em dezembro. O primeiro rascunho do texto já foi apresentado pela ONU (você pode conferí-la ), e a expectativa é que agora a discussão esquente de verdade.

Essas negociações costumam ser difíceis: briga-se por uma vírgula aqui, um parênteses ali. A troca de uma única palavra pode levar dias... Não exagerei quando disse que a semana que vem vai ser longa. E pode passar de dezembro.

O negociador chinês Gao Guangsheng já deu a entender que o país, o maior poluidor do mundo (em termos absolutos), não vê Copenhague como meta definitiva.

"Acho que pode não ser a negociação final. Ela deve estabelecer as intenções de política para que possamos continuar a negociar", disse o representante à agência de notícias Reuters.

Já os Estados Unidos, os maiores poluidores per capita do planeta, ainda precisam pôr a casa em ordem (aprovar legislação doméstica) antes de assumir compromissos internacionais. Enquanto isso, a Europa - leia-se Alemanha e França - continua firme na intenção de sair da Dinamarca com um forte substituto ao Tratado de Kyoto debaixo do braço.

Na semana que vem, os negociadores começam a ver o texto, mas as decisões mais vitais, como metas e prazos de redução de emissões, formas de financiamento, investimentos, só vão ser tomadas quando os líderes dos países chegarem a um acordo.

Ou seja, junho pode entrar pelo ano que vem...

A batalha do gelo

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Eric Camara | 16:11, quinta-feira, 14 maio 2009

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Um grupo de exploradores britânicos voltou nesta semana de uma duríssima viagem de 73 dias no Ártico, para medir a espessura da cobertura gelada do pólo. Os dados colhidos por Pen Hadow, Ann Daniels e Martin Hartley agora vão ser analisados por cientistas para ajudar a entender o impacto do aquecimento global na região.

Açoitada por ventos fortes e frio de até -70ºC, a equipe do percorreu 435 km a pé, realizando mais de 16 mil medições no gelo. Mesmo antes da análise desses dados, já pipocam na internet críticas à expedição. No blog , Mark Lindqvist diz que "parece claro que eles acreditam no aquecimento global provocado por humanos, logo, tenha certeza de que vão estruturar a sua pesquisa de forma a fundamentar esta crença."

O "alerta" vem depois de uma lista elaborada pelo jornal com descobertas preliminares da expedição e outras evidências científicas de que a camada realmente está menos espessa.

Já no blog ,o cético Steve Goddard desferiu um "ataque preventivo", apresentando dados que aparementemente provam que não houve aquecimento no Ártico entre 58 e 2009.

Nos próximos meses, a polêmica deve esquentar. Mas o gelo no Ártico é só uma batalha na guerra pelo apoio popular. Até a reunião de Copenhague, em dezembro, o muita água vai rolar - os interesses em jogo são multimilionários.

Que o diga o lobby petroleiro americano que, segundo , vai investir US$ 45 milhões em uma campanha para reduzir o apoio do Congresso ao plano "verde" do presidente Barack Obama.

Qual será o seu carro em 2011?

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Eric Camara | 15:50, sexta-feira, 8 maio 2009

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O futuro dos combustíveis já foi do etanol, do hidrogênio e até solar, mas cada vez mais, ele parece ser elétrico. Em meio à quebradeira no setor automobilístico, as gigantes Ford e Renault anunciaram planos para produção em massa de carros elétricos, e o ano em que eles chegarão na concessionária mais próxima de sua casa é 2011.

Já é possível comprar carros elétricos hoje, embora ache difícil imaginar que a relação custo/benefício seja capaz de convencer o consumidor comum. A Citroën lançou recentemente aqui na Grã-Bretanha o seu C1 ev'ie para quatro passageiros, por salgados R$ 52 mil. A Mitsubishi promete um concorrente para o segundo semestre.

A pergunta é: quem pode desembolsar um dinheiro destes por um carro compacto cuja autonomia é de no máximo 120 quilômetros e a velocidade máxima, 100 km/h?

É por isso que a produção em série interessa. Ela deve derrubar os preços, transformando os carros elétricos em opções viáveis - não só para quem está preocupado em combater o aquecimento global.

Mas há quem diga que o aumento no consumo de eletricidade por causa dos carros praticamente anula os benefícios da emissão zero, já que toda essa energia tem que ser produzida e, até o momento, elas dependem primordialmente de combustíveis fósseis.

Um estudo recente do Massachusetts Institute of Technology, o famoso MIT, e da Universidade da Califórnia, , entretanto, mostra que a produção de eletricidade em vez de etanol para carros a partir de biomassa leva a uma autonomia em quilômetros 81% maior.

Somando isso às promessas de subsídios, aqui na Grã-Bretanha, equivalentes a quase R$16 mil para a compra de carros elétricos, de 25 mil pontos de reabastecimento em Londres (onde este tipo de veículo já não paga o pedágio urbano) e de um possível esquema de aluguel de carros elétricos, eu começo a achar que até a Copa do Mundo do Brasil vou comprar um desses.

E você?

"Como matar uma foca"

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Eric Camara | 15:08, quarta-feira, 6 maio 2009

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Todo ano, nesta época de primavera aqui no Hemisfério Norte, o governo do Canadá declara aberta a temporada de matança de focas. Todo ano, as ONGs de defesa de direitos de animais fazem campanhas.

Em 2009, o governo canadense inovou e lançou uma série de vídeos explicativos sobre as regras e os motivos para liberar a prática, que neste ano deve levar à morte cerca de 250 mil das 5,6 milhões de focas do país.

Entre os vídeos, está um sobre

O tanto com argumentos econômicos como pelo direito do povo inuit, do nordeste do país, mas muitos a consideram violenta demais. Se você ainda não viu as imagens, clique aqui.

Na terça-feira, aumentando a pressão sobre o Canadá, o Parlamento europeu aprovou uma que praticamente proíbe o comércio de pele e derivados de focas na Europa. Para entrar em vigor, cada país-membro precisa aprovar a legislação.

O governo canadense e promete levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

A temporada de caça tem data para acabar, mas essa polêmica ainda deve persistir por muito tempo...

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