Planeta & Clima: Brincando de São Pedro
Se você ainda não ouviu falar em geoengenharia, preste atenção: a palavra deve ganhar cada vez mais espaço nos noticiários e significa projetos de tecnologias para manipular o clima do planeta.
Técnicas como injeção de dióxido de enxofre ou cinzas na atmosfera ou até mesmo a dispersão de espelhos no espaço - tudo com o objetivo de reduzir a temperatura do planeta. Métodos como estes, de administração da radiação solar, de eficácia praticamente garantida.
O que não se sabe é quais outras consequências eles teriam sobre o meio ambiente. A injeção de dióxido de enxofre, para "semear" nuvens, ou de cinzas, também para refletir a luz solar, são métodos usados pela natureza desde que o planeta roda - é o que faz a atividade vulcânica.
A diferença é que elas acontecem muito esporadicamente.
É mais ou menos consenso na comunidade cientÃfica que a única forma de realmente saber o que aconteceria com a Terra se esse tipo de manipulação fosse aplicada é testá-las para valer, ou seja, usar o nosso planeta como cobaia.
Coisa que a cautela até agora proÃbiu (leia a conclusão de uma conferência sobre geoengenharia da Associação Meteorológica dos Estados Unidos em junho)
Essas ideias ficam, pelo menos até agora, como último recurso para o dia em que a tal catástrofe climática mostrar todas as suas garras.
Santo Graal
Claro que existem outros métodos, entre eles, a fertilização dos oceanos para estimular a absorção de dióxido de carbono (CO2), criar navios que pulverizem água dos oceanos na atmosfera constantemente, instalar tubos que facilitem a circulação de calor entre a atmosfera e o fundo do mar, cobrir a superfÃcie de desertos com espelhos que ainda gerariam energia solar...
Mas também existem projetos de geoengenharia menos bombásticos (embora menos eficazes), como CCS, a sigla em inglês para Captura e Armazenamento de Carbono. A tecnologia capaz de sequestrar todo o CO2 de, por exemplo, uma usina termelétrica a carvão e enterrá-lo, é vista por muitos como o Santo Graal dos tempos de mudanças climáticas.
O problema é que só existem protótipos de CCS no mundo, e os mais otimistas dizem que ainda faltam anos para a tecnologia ser viável.
Para resumir a conversa, enquanto em Bonn, na Alemanha, representantes de todo o mundo continuam encalhados nas tentativas de levar adiante um projeto de tratado para conter emissões de CO2 no planeta - a saÃda recomendada pela comunidade cientÃfica -, a corrente daqueles que acreditam que a solução é "brincar de São Pedro" vem ganhando força.