Indigenistas temem massacre de índios isolados
Novas denúncias de invasões de traficantes na fronteira entre Brasil e Peru levaram o governo a anunciar o envio de tropas da Força Nacional e do Exército a uma pequena base da Funai (Fundação Nacional do Índio), no Acre.
A pequena base Xinane, da Frente de Proteção Etnoambiental Envira, a 32 km da fronteira peruana, fica a cinco dias de barco da cidade acreana mais próxima, Feijó, e foi criada para proteger uma tribo de índios isolados fotografada pela primeira vez há três anos.
Gleyson Miranda/Funai/Survival https://www.uncontactedtribes.org/fotosbrasil
Uma operação da Polícia Federal no fim de julho levou à captura de um traficante, mas segundo informações da região, criminosos continuaram lá após a saída das forças de segurança.
O presidente da Funai, Márcio Meira, e a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, que sobrevoaram a região no dia 9, disseram acreditar que se realmente houver ocorrido algum ataque aos índios, não chegou a ser um massacre.
Indigenistas por sua vez, afirmam que por não terem sido registrados avistamentos confirmados, temem pela segurança da tribo. Para tentar prestar apoio aos índios, embora contra a recomendação das autoridades, um pequeno grupo de sertanistas continua na base.
O diretor da organização de defesa dos direitos indígenas Survival International, Stephen Corry, descreveu o desaparecimento dos índios como uma "angústia extrema". Corry criticou o governo peruano por "não fazer sua parte" no combate às invasões de traficantes.
A Força Nacional brasileira deverá ser deslocada para a região nesta semana e ficar na área até a chegada do Exército, prevista para o fim do mês.