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O longo sofrimento britânico

Rogério Simões | 2009-10-23, 16:00

recessao.jpgA luz no fim do túnel era uma miragem. Especialistas do mercado londrino, a famosa City, foram surpreendidos nesta sexta-feira quando números oficiais mostraram que a Grã-Bretanha continua em recessão. Na sexta queda trimestral seguida de seu PIB, o país registrou um recuo de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Desde o começo da recessão, o país já recuou 5,9%. A notícia foi um choque para economistas e o governo, que apostavam no início de uma recuperação. O produto nacional britânico não sofria por tanto tempo desde a Segunda Guerra Mundial, o que faz com que a grande maioria da população nunca tenha visto uma recessão como a atual. Enquanto isso, a libra, de que os britânicos sempre se orgulharam e cujo valor assustava aqueles que faziam contas em uma viagem de turismo à Inglaterra ou à Escócia, perdeu 30% do seu valor em relação ao dólar desde 2007. Anos atrás a moeda britânica chegou a comprar cinco reais. Há dois meses vale menos que R$ 3.

No auge da crise financeira do ano passado, o FMI e muitos outros especialistas já alertavam que, entre os países desenvolvidos, Estados Unidos e Grã-Bretanha seriam os que sofreriam mais. Não coincidentemente, eram as nações que mais haviam se beneficiado da ciranda financeira, 15 anos consecutivos de crescimento econômico no caso britânico. Os jovens do país nunca haviam visto uma recessão na vida, não sabiam do que se tratava, mas .

Em uma reportagem de capa, publicada há pouco mais de dois meses, a revista americana Newsweek descreveu o que chamou de . Segundo a revista, a crise econômica estaria acabando com os resquícios da Grã-Bretanha como grande potência, estando o país agora em um irreversível declínio no cenário global. Uma economia mais fraca e um Estado menos capaz (diplomaticamente e militarmente) de projetar seu poder ao redor do globo estaria fazendo da coroa britânica uma força de menor importância. Em casa, governo e cidadãos têm enfrentado problemas que remontam aos difíceis anos 60 e 70, como futuros cortes em investimentos públicos ou a atual greve do correio. Símbolos de tradição e eficiência, as caixas vermelhas onde os moradores de Londres costumam colocar suas cartas estão lotadas devido a uma disputa trabalhista que ameaça o futuro do Royal Mail. Mas isso é pouco perto de outros perigos: há quem aposte que o Reino Unido que conhecemos deixará de existir no médio prazo, com o ganhando força.

Logicamente, a economia britânica continua sendo a sexta do mundo, com destaque para os setores de tecnologia e serviços. Seu mercado financeiro, onde nasceu o capitalismo, é moderno e flexível o suficiente para tentar recuperar a liderança mundial que um dia já teve. Politicamente, Londres tem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, é o principal aliado dos Estados Unidos na Europa e possui um arsenal nuclear significativo. Além disso, o Tâmisa continua lindo, com bares, restaurantes e teatros cheios nos pontos mais turísticos da capital. Estamos falando de uma potência que já dominou o mundo. Mas o sofrimento britânico na atual crise tem sido longo, e o ponto de saída ainda é incerto, com 2010 ameaçando ser até pior que 2009. Ainda é cedo para sabermos as consequências deste momento difícil no reino de Elizabeth 2ª.

°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário

  • 1. à²õ 12:08 AM em 24 out 2009, RO MOU escreveu:

    Rogério, Vc poderia ter terminado este texto de forma mais enfática, menos florida e evasiva. "Estamos falando de uma país que já dominou o mundo" e "Reino de Elizabeth Segunda é muito pouco enfático e impreciso para concluir o texto. Teria que ter sido um pouco mais cuidadoso ao analisar o fim da hegemonia anglófona ( EUA/INGLATERRA) e a concomitante emergências de economias, culturas que até então estavam relegadas a segundo plano. Além disso, usar o CSO como exemplo de um fórumdo qual o país faz parte é algo anacrônico, pois todos veem o quão difícil pe manter um conselho destes num mundo multipolar.

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