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Rio e México: tragédias diferentes

Rogério Simões | 11:55, segunda-feira, 29 novembro 2010

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juarezblog.jpgO fim de semana foi marcado pela tomada do Complexo do Alemão pela polícia, com ajuda das Forças Armadas. Descrita pelo governo, prudentemente, como apenas uma batalha vencida em uma guerra muito mais longa, a operação sugere um avanço histórico do Estado brasileiro sobre o crime organizado. Indica que, felizmente para o Brasil, o país está longe da situação vivida na Colômbia nos anos 80 ou enfrentada atualmente pelo México.

A dezenas de milhares de quilômetros dos morros cariocas, o presidente mexicano, Felipe Calderón, deve invejar o resultado da ação no Rio de Janeiro. Há quatro anos envolvido em uma guerra contra o narcotráfico que já deixou cerca de 30 mil mortos, a maioria vítima de combates entre os próprios cartéis de drogas, Calderón tem pela frente uma missão muito mais difícil do que a brasileira. Há semelhanças também, é verdade. Nos dois países, quadrilhas de traficantes controlam áreas inteiras desde os anos 70/80, aproveitando-se da inoperância e até mesmo conivência do Estado, criando um poder paralelo. Civis brasileiros e mexicanos são envolvidos nas seguidas batalhas do tráfico que vitimam especialmente jovens das camadas mais pobres da população. Parte significativa das autoridades policiais colabora com o poder paralelo seduzida pelos ganhos materiais da corrupção. As duas guerras contam agora com a participação das Forças Armadas nacionais, chamadas para ajudar ou corrigir os erros das polícias. Mas não é preciso procurar muito para ver que o problema mexicano é muito mais preocupante e de difícil solução.

Na semana passada, uma pesquisa mostrou uma queda do apoio popular à ação do Exército na guerra ao crime organizado mexicano. O levantamento mostrou ainda uma redução do apoio da opinião pública à estratégia do governo de Calderón para combater o narcotráfico. Analistas dizem que a popularidade da ação das Forças Armadas caiu porque a violência permanece no mesmo nível ou até pior. Mas há outro aspecto da participação militar que diferencia o México do Brasil e abala o plano do governo mexicano. O Exército não foi apenas chamado para dar apoio logístico ou militar em operações pontuais, como no Rio. Diante de instituições praticamente falidas, o Exército foi enviado para a fronteira com os Estados Unidos para em muitos casos assumir diretamente o combate à criminalidade, com todos os riscos que tal decisão pode trazer. A revista The New Yorker trouxe semanas atrás , colocado na função de chefe de polícia de Tijuana. Três anos depois, o número de assassinatos na cidade diminuiu, mas as denúncias de prisões arbitrárias e tortura pelos homens de Leyzaola se acumulam.

Diferentemente do que acontece no Brasil, os carteis mexicanos se espalham por quase todo o território nacional, de oeste a leste e até em Estados próximos à capital. Isso além de controlar grande parte do que se passa na fronteira com os Estados Unidos. Como no caso da guerra carioca, o bem mais precioso dos criminosos é o território, algo que a polícia do Rio de Janeiro vem recuperando pouco a pouco. Mas no México tal bem, além de mais valioso, é muito mais vasto. Em seu , o jornalista Ed Vulliamy faz um retrato detalhado de como esse terreno tem sido disputado pelos carteis locais. Ele também cita outro autor, Don Winslow, que descreveu bem o poder dos narcotraficantes: "O seu produto não são as drogas, mas sim os 2 mil quilômetros de fronteira com os Estados Unidos".

Nessa longa fronteira, há inúmeros palcos de guerra, como Tijuana ou Nuevo Laredo, alguns deles tomados pela total anarquia, como Ciudad Juárez (foto acima). O México investiu tudo que tinha a seu dispor nos últimos quatro anos, inclusive com táticas que, segundo denúncias, avançam para o lado da ilegalidade. A violência, entretanto, continua em níveis assombrosos, como no caso do assassinato de dezenas de imigrantes ilegais neste ano. O país sabe que seu problema não será resolvido facilmente ou tão cedo e que a solução passa por um engajamento do seu poderoso vizinho do norte. A luz no fim do túnel brasileiro ficou mais brilhante ao final da batalha do Morro do Alemão, com o Estado ganhando terreno e prestígio na guerra ao crime organizado. Já o longo caminho dos mexicanos ainda parece marcado pela escuridão.

2011, um ano difícil

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Rogério Simões | 18:41, terça-feira, 23 novembro 2010

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portugalblog.jpgTudo indica que será um ano difícil. Na Europa, políticos tentam salvar a União Europeia por meio de pacotes de ajuda financeira a países já endividados que lutam para retomar um bom nível de crescimento. Greves gerais e protestos de rua, cenas já vistas desde 2008, devem se tornar mais frequentes. Governos, como o da Irlanda, podem não resistir à pressão e se render ao apelo por novas eleições. Nos Estados Unidos, um presidente enfraquecido tentará governar sem o apoio da Câmara dos Representantes. No seu caminho, estará uma economia em lenta recuperação, até agora insuficiente para reduzir a alta taxa de desemprego. O mundo seguirá dividido em dois, com a parte desenvolvida empacada e endividada e o lado emergente crescendo em poder econômico e confiança política. A China tentará equilibrar a delicada equação envolvendo crescimento/moeda/comércio internacional, e a Índia continuará correndo para reduzir o nível de pobreza, condição em que vive 70% da sua população. Somados a isso tudo, a recente preocupação com ataques terroristas, a crescente tensão na Península Coreana e a possibilidade de que a Questão Palestina chegue a um momento de tudo ou nada deixam claro que 2011 promete.

É neste mundo que começará o governo de Dilma Rousseff, em 1º de janeiro. A vitória da ex-ministra, uma figura pública pouco conhecida no início da campanha eleitoral, mostra como os brasileiros estão satisfeitos com o governo que a apoiou, após oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva no poder. Mas os desafios de 2011, alguns deles descritos acima, que nem incluem a luta contra o crime organizado no Rio de Janeiro, podem fazer do primeiro ano um dos mais difíceis para a primeira mulher presidente do Brasil. Economistas e políticos não descartam uma nova crise financeira semelhante à ocorrida em 2007/2008. O sistema como um todo ainda não se recuperou, com os bancos irlandeses, por exemplo, ainda incapazes de operar normalmente. Sua fragilidade ameaça os bancos britânicos, suíços, franceses, americanos etc, etc. O euro, a segunda maior referência monetária no globo, pode perder ainda mais fôlego e até mesmo desaparecer. A instabilidade no Primeiro Mundo pressiona o mundo emergente, com suas altas taxas de juros e entrada indiscriminada de capital, o que ameaça o equilíbrio da sua economia e sua capacidade produtiva. O mundo seguirá perigoso, inclusive para o Brasil.

Dilma Rousseff anunciou pequenas mudanças na equipe econômica que ganhou do presidente Lula. Aceitou manter Guido Mantega na Fazenda, mas mudou o comando do Banco Central, tirando o banqueiro/político Henrique Meirelles e optando pelo técnico Alexandre Tombini. Ainda é cedo para avaliar o impacto da nova formação, mas os poucos dias de especulação sobre a equipe de Dilma foram suficientes para mostrar quão delicado é o momento econômico em qualquer parte do mundo. O mercado acompanhou de perto os rumores e chegou a apostar, a favor ou contra, no resultado que ainda viria. O mundo está volátil, sensível e precisa de um Brasil que cresça, compre, venda e tome as decisões corretas. Mundo afora, qualquer marola, mesmo uma marolinha, pode complicar até mesmo a vida de um país de robusto e constante crescimento. A diferença de outros momentos da história é que hoje o Brasil está no centro das decisões, ou pelo menos bem mais próximo dele. Não é simples alvo de remédios amargos ditados pelo Fundo Monetário Internacional para partes do mundo com a saúde debilitada. O Brasil hoje faz parte da receita e do tratamento, apesar de também poder ser contaminado e vir a adoecer. Em seu primeiro ano, Dilma governará em um mundo em situação delicada e repleto de riscos. Suas decisões podem ajudar a conter ou agravar um cenário de chuvas e trovoadas no horizonte.

A frustração nas ruas

Rogério Simões | 15:12, quarta-feira, 10 novembro 2010

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estudantesblog.jpgNão é raro que crises levem a manifestações violentas de frustração coletiva. Algumas levam até mesmo a guerras, civis ou entre países. Mas na maioria dos casos a insatisfação ganha corpo nas ruas, de forma precariamente organizada, mostrando aos líderes políticos que algo não anda bem no estado da nação. Depois de meses de anúncios de cortes de gastos públicos e benefícios, aumento de impostos e alertas de que a vida na Grã-Bretanha ainda ficará pior antes de melhorar, as ruas de Londres viram sua primeira grande demonstração de ira. Dezenas de milhares de estudantes marcharam nesta quarta-feira pelo centro da capital britânica e, diante da sede do Partido Conservador, o maior da coalizão governista, muitos enfrentaram a polícia, lançaram objetos, quebraram janelas, invadiram o prédio. "It turned nasty", como dizem os ingleses.

Os estudantes protestavam contra o aumento de até 200% nas taxas cobradas de universitários para financiar seus próprios estudos, pagas depois que eles se formarem e conseguirem um emprego de remuneração razoável. Um dos partidos que compõem o governo, o Liberal-Democrata, havia se comprometido durante a campanha eleitoral a não mexer nessas taxas, o que só fez aumentar a revolta estudantil. A economia britânica já vinha sendo marcada por greves esporádicas, de refinarias ao metrô londrino, passando até pela ̳. Mas foi a primeira vez que a raiva acumulada diante das difíceis perspectivas para o cidadão transformou-se em um grande protesto violento.

Parece uma tendência difícil de combater e sobre a qual eu já falava neste blog no começo do ano passado. No último ano, a França foi palco de greves gerais e inúmeras manifestações que, apesar de impressionantes, não conseguiram evitar a aprovação do aumento da idade mínima para aposentadoria. Na Grécia, paralisações em protesto contra drásticos cortes nos gastos públicos também opuseram cidadãos e policiais de forma violenta. Um pacote de reformas trabalhistas fez a Espanha parar recentemente, enquanto milhares de manifestantes já tomaram as ruas na Bélgica, Itália e Irlanda.

O clima no chamado Primeiro Mundo é bem diferente do encontrado no Brasil, onde, apesar dos desafios à frente, a economia segue crescendo, e a população parece satisfeita com o estado geral das coisas. Passados mais de dois anos do estouro da maior crise econômica desde a Segunda Guerra, o clima nos países desenvolvidos é de preocupação, com Estados cortando investimentos e benefícios e/ou aumentando impostos. O protesto dos estudantes britânicos aconteceu no mesmo dia em que o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, disse que as perspectivas para a economia continuam incertas, com o retorno do crescimento ainda vulnerável ao cenário externo e taxas de inflação acima das metas, como tem sido há dois anos. Os salários, para quem tem emprego, em geral mantêm-se congelados ou reajustados abaixo da inflação. Basicamente, a vida do cidadão segue difícil, com poucas perspectivas de melhoras. Antes, era preciso observar dados de tabelas e gráficos para perceber o tamanho do problema. Agora é só olhar para as ruas.

Brasil, único entre emergentes

Rogério Simões | 13:01, segunda-feira, 8 novembro 2010

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bricsblog.jpgA reunião de líderes do G20, nesta semana, em Seul (Coréia do Sul), confirmará a ascensão do poder econômico e político das nações emergentes. O destaque é o quarteto reunido anos atrás na sigla BRIC, Brasil, Rússia, Índia e China, um grupo repleto de diferenças entre si. É sabido que, quando o termo BRIC começou a ser usado, muitos viam o Brasil como uma espécie de patinho feio no meio de três imponentes cisnes. Nos últimos anos, entretanto, o representante latino-americano passou a ser reconhecido como uma estrela diferenciada, com vantagens sobre os antes mais badalados emergentes.

A atração que os três "RICs" exercem é clara. A visita de Barack Obama à Índia antes da reunião do G20 é um bom exemplo, uma tentativa de reforçar laços com uma parte do mundo que só faz crescer. Em solo indiano, o presidente americano disse que a parceria entre Estados Unidos e Índia é uma das que definirão este século. No Parlamento local, Obama defendeu abertamente uma reforma do Conselho de Segurança da ONU que inclua a Índia como membro permanente. A economia indiana vem crescendo a um ritmo de quase 9% ano ano e é, depois da China, a grande vedete do continente. Obama quer exportar mais para o país e está engajado, sem vergonha alguma, em passar o chapéu americano.

Mas a visita do presidente dos Estados Unidos também lembra as fragilidades da grande nação de Mahatma Gandhi. No sábado, Obama discursou no hotel Taj Mahal Palace, em Mumbai, palco de uma carnificina terrorista em 2008. A Índia tem uma relação extremamente delicada com o Paquistão, o que levou os dois países a desenvolverem armas atômicas. As fronteiras indianas ainda não estão completamente resolvidas, devido à disputa com o vizinho problemático em torno da região da Caxemira. Apesar de ser uma economia em acelerado avanço, a Índia ainda tem muito a melhorar, com quase a metade de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza. Problema é o que não falta na Índia.

Na verdade, nem na China. O presidente chinês, Hu Jintao, pode ter ocupado o topo da lista da revista Forbes de pessoas mais poderosas do mundo, à frente de Obama, medalha de prata. Mas a China é governada por um regime ditatorial cuja mão-de-ferro foi exposta na polêmica envolvendo o prêmio Nobel da Paz dado ao ativista chinês Liu Xiaobo. A China é hoje uma megapotência, mas além de não ser uma democracia tem relações tensas com vizinhos, como o Japão, uma situação mal resolvida no Tibete e movimentos separatistas internos.

A Rússia não é menos complicada. Com sua região sudoeste ainda marcada por movimentos dissidentes, alguns de caráter religioso e étnico, a Rússia realiza eleições para presidente e para o Parlamento. Mas sua democracia, como já explicou Vladimir Putin, é bem diferente da ocidental. Negócios e política misturam-se em transações nebulosas, que hoje podem afetar inclusive a vida numa capital ocidental importante, como Londres. No fim de semana, o The Guardian publicou que o dono do jornal britânico The Independent, o russo Alexander Lebedev, . Numa situação extrema, Lebedev admitiu que, se seu império econômico for prejudicado por forças políticas adversárias, seus negócios na imprensa britânica podem ser atingidos. Disputas políticas na Rússia já afetam até o jornalismo britânico.

O Brasil não sofre das intempéries acima. O país tem precária infraestrutura, precisa capacitar muito melhor sua mão-de-obra, sofre com a corrupção e ainda registra índices altíssimos de criminalidade. Mas as fronteiras brasileiras estão mais do que consolidadas, com relações amistosas com todos os seus vizinhos. Não há movimentos separatistas ou terrorismo político no Brasil, muito menos de cunho religiioso ou étnico. Os brasileiros acabaram de ir às urnas de forma organizada e pacífica e viu os resultados serem divulgados três horas depois, sem qualquer contestação de partidos políticos. Um novo governo democraticamente eleito está para tomar posse, em um país cujas instituições seguem se fortalecendo. O Brasil não cresce exatamente em ritmo chinês, mas chegou perto, estando no melhor momento econômico da sua história, dono das maiores reservas de petróleo descobertas neste século. A reunião do G20 confirmará o aumento do poder do mundo emergente, que tem no Brasil um representante único, com vantagens sobre outras nações. O que está em jogo é se o país saberá traduzir tais condições favoráveis em um futuro de prosperidade interna e influência internacional.

Dilma Rousseff, a primeira

Rogério Simões | 13:30, segunda-feira, 1 novembro 2010

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dilmablog.jpgA eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República é um fato repleto de ineditismos. Primeira colocada numa disputa tensa, acirrada e apaixonada, a petista é a primeira mulher escolhida para comandar a nação. Também é a primeira pessoa presa e torturada pelo regime militar (1964-85) a chegar ao cargo máximo do país e a primeira líder a dar continuidade a oito anos de um governo no atual período democrático. Os eleitores brasileiros nunca haviam sancionado pela segunda vez seguida a permanência de um partido à frente do governo federal, o que é um indicativo do grau de satisfação da maior parte da população com a realidade atual. O momento político que vive o Brasil é, sem dúvida, único em seus 188 anos de independência.

Para reforçar ainda mais o clima de novidade, a posição que o Brasil ocupa no mundo hoje é, também, inédita em sua história. O país deve em breve ser reconhecido como a sétima economia do mundo, caminhando para, em dez anos, chegar ao quinto lugar. Sua influência aumentou significativamente na última década e só tende a crescer, seja pelo tamanho de sua economia ou pelas áreas em que essa tem se destacado, do agrobusiness à exploração de petróleo. Isso tudo faz do futuro governo Dilma Rousseff um terreno ainda inexplorado e desconhecido, tanto para a vencedora do pleito presidencial como para a oposição ou o próprio cidadão. Os próximos quatro anos exigirão equilíbrio e atenção da parte de todos, apesar das condições políticas e econômicas relativamente favoráveis para o novo governo.

Dilma prometeu fazer um governo para todos os "brasileiros e brasileiras". Trata-se, claramente, de um compromisso importante da presidente eleita, afinal 44% do eleitorado preferia ver o tucano José Serra no Palácio do Planalto. A oposição, por sua vez, faz bem em tentar se organizar a partir de agora para confrontar o futuro governo e até mesmo já pensando na disputa em 2014. O que se espera em uma democracia é a divergência de opiniões de forma construtiva em um embate que mantenha o eleitor esclarecido sobre as diferenças entre os vários projetos para o país. Projetos, é bom lembrar, que faltaram na campanha deste ano, carente de programas de governo claros, deficiência que provavelmente favoreceu a situação.

O governo Dilma Rousseff será, em muitos aspectos, uma novidade na história brasileira. O Brasil é hoje uma potência regional com credenciais para se tornar uma das potências globais no futuro. Quanto mais o país cresce, mais aumentam suas responsabilidades perante a comunidade internacional, no âmbito da economia global, da defesa do meio ambiente e mesmo da estabilidade política mundo afora. Internamente, quanto mais a população tem acesso a bens de consumo e educação, mais exigente e consciente dos seus direitos ela se torna, o que é ótimo para a nação. Dilma Rousseff será a primeira a governar o Brasil pós-Lula e pós-pré-sal, o Brasil da Copa do Mundo e, caso se reeleja em 2014, o Brasil dos Jogos Olímpicos. Será a primeira a receber um país com mais poderes dentro de um reformado Fundo Monetário Internacional e pode até vir a ser a primeira a presidir um Brasil com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil mudou, e a primeira mulher presidente precisa ser a primeira a reconhecer que o país exige uma política e um governo à altura do seu novo status, seu novo potencial e suas novas responsabilidades.

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