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Arquivo para novembro 2010

Yvo de Boer: da ONU ao jardim de casa

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Eric Camara | 11:59, segunda-feira, 29 novembro 2010

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Das bandeirosas camisas estampadas de Bali aos sóbrios ternos e gravatas da KPMG, o diplomata Yvo de Boer é um homem que se adapta às situação. Quando o encontrei para a nossa primeira entrevista cara-a-cara, ele já era um velho conhecido de incontáveis coletivas, desde 2007, ano em que comecei a cobrir as conferências de clima anuais da ONU.

Vi quando ele chorou, derrotado pela pressão de todos os lados por um acordo. A gota d'água, dizem, foi a acusação da delegação chinesa de que ele estaria tramando um acordo pelas costas da delegação. Boer nega veementemente. Como se sabe, a história teve final feliz, quando os Estados Unidos capitularam e fecharam o que ficou conhecido como Plano de Ação de Bali.

Este talvez tenha sido o auge da carreira de Yvo de Boer na ONU. Depois do choro, as palmas.

Depois vieram Poznan, na Polônia, sem grandes expectativas ou progressos, e o fracasso retumbante de Copenhague. Perguntei o que ele mudaria na sua atuação em 2009, agora que conhece o fim da história.

"Não muita coisa, acho. Nos dias e semanas anteriores ao encontro houve uma guinada geral no sentido de uma declaração política, que foi o que tivemos no final, na forma do Acordo de Copenhague. É a dinâmica política do processo", disse.

Mais leve

Processo que ele admite ter pesado nas suas costas. De fato, a impressão que ele passa pessoalmente é de realmente estar mais leve. Geralmente circumspecto, o holandês educado em escola particular na Grã-Bretanha até gargalhou durante a entrevista, quando insisti em lhe perguntar sobre o seu futuro.

"Bom, dentro de dez anos, me vejo trabalhando no meu jardim e jogando golfe", brincou.

Em seguida, após risos, acrescentou achar "saudável" encarar novos desafios a cada quatro ou cinco anos. Como já trabalhou no setor governamental e agora está no privado, as opções são limitadas.

"Suponho que agora ou tenha que ser uma organização não-governamental ou na política."

Por enquanto, ele deve se dedicar por fazer o lobby das empresas particulares interessadas em uma regulamentação internacional sobre emissões, para que possam traçar suas estratégias de longo prazo.

À frente da Convenção para Mudanças Climáticas, Yvo de Boer saiu antes de poder comemorar o sucesso de um acordo pós-Kyoto. Mesmo despistando, a impressão que tive é que depois dessa passagem pela iniciativa privada e antes de se dedicar à jardinagem, de Boer decida limitar a sua área de atuação à Holanda para finalmente ter a chance de ver consequências mais imediatas para suas ações.

Assista à entrevista com Yvo de Boer.

Um tigre... dois tigres... 3,2 mil tigres...

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Eric Camara | 17:02, terça-feira, 23 novembro 2010

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À primeira vista, acho sempre difícil entender como animais que nos causam tamanho fascínio podem beirar a extinção. E nesse quesito, o caso dos tigres é extremo: especialistas calculam que só restem 3,2 mil espécimes selvagens no mundo - um pálido resquício dos mais de 100 mil que viviam um século e pouco atrás. Das nove espécies que conhecíamos, três foram extintas.

O declínio se deve principalmente a fatores como redução de habitat, provocada por desmatamento, e caça ilegal. Nada que o dinheiro não possa comprar. Mas onde está o dinheiro? Nesta terça-feira, representantes dos 13 países do chamado âmbito dos tigres, reunidos em São Petersburgo, na Rússia, assinaram um compromisso de financiar um plano de salvamento dos temidos felinos.

Devem ser investidos cerca de US$ 350 milhões nos próximos 12 anos. Foram prometidos US$ 127 milhões em novos investimentos. O Plano de Recuperação dos Tigres conta ainda com linhas de crédito do Banco Mundial de até US$ 100 milhões.

A declaração foi considerada histórica por ambientalistas. Segundo o diretor-geral do WWF, Jim Leape, "nunca se viu apoio político desta magnitude para uma única espécie". De fato, as cifras envolvidas finalmente refletem o encanto que parece existir em torno dos maiores felinos do planeta.

A organização ambientalista disse que inicialmente vai liberar US$ 50 milhões para o projeto, bem como a Wildlife Conservation Society. A Alemanha prometeu investir US$ 17,2 milhões na proteção de tigres na Rússia, na Tailândia, no Laos e no Vietnã. Os Estados Unidos, devem injetar outros US$ 9,2 milhões no combate ao tráfico de tigres e caça ilegal. E o astro de Hollywood Leonardo DiCaprio deve entrar com US$ 1 milhão do próprio bolso.

Com tanto dinheiro, a expectativa é de que o número de tigres dobre até 2022.

O que fazíamos em Copenhague mesmo?

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Eric Camara | 17:42, segunda-feira, 15 novembro 2010

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O Brasil foi o país que publicou o maior volume de notícias sobre a conferência das Nações Unidas sobre o clima em Copenhague, no ano passado, de acordo com um estudo britânico divulgado nesta segunda-feira.

Eu e outros 99 colegas brasileiros estivemos na loucura que tomou conta da Dinamarca por duas semanas: manifestações, céticos indignados, ONGs barradas e muito drama de bastidores. Fiquei sabendo nesta terça-feira que nós tínhamos o mesmo número de jornalistas lá que a China, e pouco mais que países ricos - e vizinhos - como Itália, Holanda e Espanha.

Lembro-me de ter almoçado algumas vezes com o autor do estudo citado, James Painter, ex-colega aqui de ̳ e termos conversado sobre a alta concentração de brasileiros lá.

E não eram só jornalistas. A delegação brasileira - que foi oficiamente reconhecida como a maior do evento - também chamava a atenção pelo corpulência.

Estive ocupado demais para poder descobrir o que tanta gente fazia em volta do pavilhão brasileiro no centro de conferência. O fato é que toda vez que passava por lá, via gente batendo papo em português, totalmente alheias à correria que se via no resto do Bella Centre.

Agora, fico sabendo que tínhamos mais gente credenciada como parte da delegação do que a Dinamarca. Como assim? Estávamos em Copenhague... Nem quero entrar na discussão sobre quem pagou, porque não tenho qualquer informação sobre isso.

Havia necessidade de termos 572 pessoas representando o nosso país no encontro? A China, com seu bilhão e tal de habitantes tinha 333 representantes na sua delegação.

Se, por um lado, o estudo de James Painter indica que a forte presença da imprensa brasileira na reunião sobre o clima parece refletir uma preocupação crescente do público do país sobre o assunto, me pergunto o que significaria este aparente enorme interesse do governo.

Desastres naturais mataram 3,3 milhões de pessoas em 40 anos, diz estudo

Fabricia Peixoto | 13:51, quinta-feira, 11 novembro 2010

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Os desastres naturais, como enchentes, terremotos e tsunamis, mataram 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo nos últimos 40 anos, diz um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Mundial, em parceria com as Nações Unidas.

Desse total, cerca de 1 milhão de pessoas morreram na África, vítimas da seca.

Após dois anos de pesquisa, os dois organismos internacionais estimaram ainda que os prejuízos causados por esses desastres poderão triplicar até o final do século, atingindo a cifra de US$ 185 bilhões ao ano.

De acordo com o levantamento, o número fica ainda maior quando considerado o impacto das mudanças climáticas. Apenas os ciclones tropicais têm potencial de causar prejuízos que variam de US$ 28 bilhões a US$ 68 bilhões a cada ano, diz o estudo.

Além disso, cerca de 1,5 bilhão de pessoas poderão estar expostas a tempestades e terremotos até 2050 - o dobro do número considerado atualmente.

Com 250 páginas, o levantamento tem como objetivo "alertar" os ministros das finanças em todo o mundo para a necessidade de programas de prevenção aos desastres naturais.

O documento também traz uma série de sugestões sobre o que pode e deve ser feito nesse área e, segundo os autores, muitas dessas ações surpreendem por sua "simplicidade".

"São os mais vulneráveis, e não os ricos, que acabam enfrentando o peso das ameaças naturais, muitas vezes agravadas por políticas ruins", diz o texto.

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