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Os restaurantes e as calorias

Babeth Bettencourt | 16:42, domingo, 25 julho 2010

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Em uma tentativa de informar os consumidores e combater a "epidemia" de obesidade, autoridades britânicas propuseram no ano passado que restaurantes passassem a informar aos clientes o número de calorias contidos em pratos e bebidas servidos.

Na época, consumidores reagiram bem à ideia e algumas cadeias de restaurantes prometeram incluir a contagem em seus menus ou em quadros, à vista dos clientes.

As autoridades de saúde britânicas recomendam o consumo diário de 2.500 calorias para os homens e 2.000 para as mulheres.

O tempo foi passando e, no caso das lanchonetes, há apenas três cadeias que apresentam explicitamente o número de calorias de seus sanduíches, saladas e sopas: o Pret-a-Manger, Eat e Subway.

Outras, como McDonalds e o Pizza Express (cadeia de pizzarias), disponibilizam a informação em seu website.

Agora, a cadeia de restaurantes gregos The Real Greek resolveu adotar a contagem em seus menus, depois de testar alguns itens e concluir que a mudança foi bem recebida pelos clientes.Ìý

Já há alguns anos a indústria passou a mostrar o número de calorias dos alimentos comprados em supermercados. O governo chegou a criar um sistema de sinais verde, amarelo e vermelho, indicando os "riscos" paa a saúde, dependendo da comida, como a etiqueta abaixo.

label226.jpgAlguns restaurantes em algumas cidades americanas também adotaram a contagem e, ao que parece, o resultado na maioria dos casos é que os consumidores passam a optar, com mais frequência, por alimentos menos calóricos.

Eu já fiz dieta da sopa, de carboidratos, Vigilantes do Peso e há uns 10 anos tento comer decentemente (sem sucesso garantido, diga-se de passagem), com algum conhecimento das comidas que engordam e que não engordam.

Mas confesso que fiquei surpresa ao concluirÌýque uma porção de Hummus (pasta de grão de bico)ÌýtemÌýaproximadamente umÌýterço das calorias de uma porçãoÌýde Taramosalata (pasta de bacalhau defumado), que contémÌý913 calorias!

EÌýfelizÌýao descobrir que minha amada pasta de beringela defumada (Melitzanosalata)Ìýfica em apenas 236 calorias...

Gosto de comer, para mim, é um dos maiores prazeres da vida. E desde que comecei a cozinhar em casa parei de me preocupar em fazer comida diet. Uso creme, manteiga, azeite, como batata, massas, arroz, enfim, o que acho gostoso.

Não abuso de doces, não faço porções enormes, nada frito em imersão (por causa da bagunça)Ìýe tento comer muitos legumes e verduras. Também costumo cozinhar "from scratch", como se diz em inglês, ou a partir dos ingredientes frescos, sem muita comida pré-preparada. Mas nunca contei calorias e poucas vezes escolho a opção "light" de algum produto.

Fiquei me perguntando se as calorias explícitas ali, na minha cara, iriam tirar meu apetite. Saber que uma refeição com Big Mac,Ìýfritas grandes e coca-cola grande somam 1.160 calorias, com certeza, me faz pensar duas vezes.

Ao descobrir que as pizzas relativamente pequenas do Pizza Express têm, em média, 800 calorias, também me senti culpada (até porque, normalmente como pizzas bem maiores do que as deles!).

Fico imaginando se uma churrascaria rodízio também iriaÌýinformar as calorias que se consomem, em média, durante um farto almoço... já pensou, o "moço do espeto" chegando com uma picanha e um quadrinho ao lado, mostrando quantas calorias tem cada fatia? E a gente anotando em um papelzinho, fazendo conta até explodir de tanto comer?

Ou se haveria porções de pão de queijo, coxinhas, quibes, empadinhas, pastéis, tudo com as calorias ali, na nossa cara? E um prato de feijoada? Acho que nunca mais conseguiria comer com o mesmo prazer...

Na época que o governo propôs a contagem, muitos donos de restaurante disseram que isso iria atrapalhar os negócios e incorreria em mais custos para a indústria. Alguns chefs também criticaram o governo acusando-o de excesso de zelo e afirmando que as pessoas têm direito de comer o que quiserem, sem se preocupar.

Acho que os restaurantes que adotaram a recomendação têm uma coisa em comum: opções realmenteÌýleves de saladas ou sopas, que, com certeza, ajudam aqueles que querem perder as gordurinhas, mas não querem perder o prazer de comer fora.

A gerência do The Real Greek informou ao jornal Daily Telegraph que o movimento nos restaurantesÌýnão diminuiu desde que eles adotaram a medida, mas que houve um aumento notável no número de pedidos de pratos menos calóricos.Ìý

Na dúvida, fico com a Melitzanosalata e guardoÌýuma cota maior de calorias para o prato principal! E quando for a uma churrascaria rodízio, prefiro não ler "as letras miúdas"...

E você, gostaria de saber as calorias na hora de escolher um prato? Acha que uma medida como essa poderia "pegar" no Brasil?

Esquilos: comida ética?

Babeth Bettencourt | 06:25, quinta-feira, 22 julho 2010

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esquilo226.jpgQuem nunca se apaixonou ao ver um esquilinho passando pela cerca, ou subindo uma árvore em um parque? Uma das minhas maiores alegrias ao mudar para uma casinha no norte de Londres foi vê-los de manhã enterrando e desenterrando nozes no jardim, no inverno...

Mas quando chegou a primavera me dei conta de que as escavações contribuíam para desenterrar todas as flores recém plantadas nos canteiros. E em viagem à Flórida, quando tentei atrair um esquilo para perto, para bater uma foto, ele chegou tão perto que me mordeu o dedo!

Ou seja, eles são bonitinhos, lembram bichinhos de pelúcia, mas os esquilos cinzentos são considerados por muitos como uma praga e uma espécie invasora aqui na Grã-Bretanha. Já ouvi até serem chamados de ratos peludos...

Sua população, introduzida na época vitoriana, passou a competir com os esquilos locais -os vermelhos - pela comida e habitat nas ilhas britânicas, quase dizimando sua espécie por essas bandas.

Como resposta à invasão e ao fato de os esquilos costumarem roubar as nozes deixadas no jardim para atrair pássaros, a captura dos bichinhos deixou de ser tão mal vista.

E na linha da gastronomia sustentável e aventureira - que vem tomando conta dessas terras de uns anos para cá - alguns chefs começaram a promover a carne de esquilo nos cardápios.

Sim! Carne de esquilo! E tem mais, ela é sempre "free range" (criada livre, sem confinamento), orgânica, magra e, aparentemente, é firme e tem um gosto doce, lembrando o do pato e do carneiro, graças à sua dieta à base de nozes e frutas silvestres. A anatomia é mais próxima do coelho.

Os cozinheiros e açougueiros admitem: a carne é pouca e um esquilo grande, em média, alimenta uma pessoa e meia. A maior quantidade de carne está no "pernil", sendo que as "costelas" cozinham rapidíssimo.

A moda pegou, mas nem tanto... disponível em açougues e restaurantes desde meados desta década, ainda é raro encontrar a "iguaria" no cardápio da esquina.

Mas quem vende afirma que atende a um nicho e que a carne de esquilo não para nas prateleiras.

Alguns chefs chegam a recomendar receitas: empanada de esquilo com bacon e nozes, panquequinhas no estilo das de pato laqueado chinês, e até um esquilo "ensopadinho"Ìýrefogado na gordura de pato com bacon e cogumelos porcini (confesso que, se não fosse a carne de esquilo, teria ficado tentada por este prato).

Também há um restaurante em Glasgow - o Stravaigin - que oferece tortellini de esquilo com espinafre, trufas e pignole, com molho de porcini e um biscoitinho de parmesão.

Continuo achando os esquilos muito bonitinhos, mas já não dou muita confiança. Se passar por Glasgow, ainda sou capaz de encarar esse tortellini, que me deixou com água na boca... como diria minha irmã ao comer carne de coelho, com pena do bichinho, "dá mais carne, por favor".

E você, também encararia carne de esquilo? Ou já comeu algum outro bicho esquisito?

Como o sol de verão

Thomas Pappon | 13:18, quarta-feira, 14 julho 2010

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É verão, tempo de abrir o coração, de sonhar e de comer salada. Aqui em Londres andou fazendo um calor dos diabos, pelo menos ao longo da Copa, quando todo mundo teve que dormir de janela aberta, porque à noite a temperatura quase que não cai nesse país.

Por isso, houve uma onda nos jornais britânicos de receitas para o verão, muitas delas de sopas geladas (como o gazpacho queÌýa minha colega Malu apresentou nesse blog) e de carnes ou peixes acompanhados apenas de saladas - ou o contrário, de saladas acompanhadas por carnes e peixes.

No geral, os tipos de folhas de salada comuns na Grã-Bretanha são os mesmos consumidos no Brasil - como exceção, citaria a lamb lettuce (foto), conhecida na Alemanha como Feldsalat, essa maravilha que nunca vi no Brasil (será que estou dando mais uma fora nesse blog?).

feldsalat200.jpg

Mas o ponto que queria fazer é sobre os molhos. Salada sem molho pode ser aceitável para muitos, mas faço parte dos queÌýacreditam que um bom molho pode levar uma pessoa que se recusava a comer folhas cruas a querer comer salada todos os dias.

Na Inglaterra e na França, os molhos mais comuns são as variações do que chamam de vinaigrette, a combinação básica de vinagre com óleo ou azeite, misturada com mostarda, sal e pimenta - e, eventualmente, açúcar.

A proporção mais comum - e ideal, segundo vários chefs - é de três colheres de óleo para uma de vinagre. Li que na França muita gente dispensa o vinagre e usa apenas a mostarda - que tem vinagre -, geralmente do tipo Dijon, ou limão.
Ìý
Das alternativas, a mais distante das variações de vinaigrette que conheci foi num restaurante em São Paulo, um molho que mistura shoyu com suco de laranja e gengibre, e que cai muito bem com folhas verdes.

Mas de todas as receitas queÌýconheci,Ìýqueria mostrar essa aqui, de um molho cremoso de manjericão para acompanhar salada de tomates criado por Simon Hopkinson, chamado de "melhor cozinheiro da Grã-Bretanha" pelo Daily Telegraph e autor de Roast Chicken and Other Stories, eleito o livro de receitas mais útil de todos os tempos em uma enquete no país.Ìý

A receita é muito simples, eÌýum show de bola com tomates tipo plum ou vindos do glorioso reino dos tomates nobres, a Itália.

Ingredientes:
1 colher e meia de sopa de vinagre de vinho branco
2 colheres de sopa de água morna
Sal e pimenta
75 ml creme de leite
50 ml de azeite
1 pitada de açúcar
7-8 folhas de manjericão, cortadas

Em uma tigela, misture o vinagre, água e temperos até dissolver. Acrescente o creme, o azeite e o açúcar e bata, até que tudo esteja bem misturado, e adicione o manjericão.

Sirva sobre tomates fatiados eÌýtemperados com algumas pitadas de sal.

E se alguém tiver mais alguma boa dica de molho, por favor,Ìýmande.

O frango e a seringa

Thomas Pappon | 15:38, segunda-feira, 5 julho 2010

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De tanto ler sobre o assunto nos jornais britânicos, aprendi que os inglesesÌýgostam do frango assado moist, adjetivo traduzido pelos dicionários como "úmido" ou "molhado", mas que, nesse caso, quer dizer suculento.

Eles gostam do frango cheio de sucos. O que é o contrário do frango que a gente compra na padaria lá em São Paulo, aquele feito nas "TVs de cachorro", com a ave girando num espeto e sendo assada lentamente - e perdendo todos os seus sucos.

Me lembro com muito carinho do frango de padaria. Seu atrativo está na combinação da carne branca seca com os temperos da pele bem tostada e crocante.

Mas voltando ao moist chicken.Não vejo grandes dificuldade de assar um frango e deixá-lo suculento. O importante é derramar molho sobre ele, mantê-lo úmido durante o processo de cozimento no forno. É bom também virar o frango de lado na bandeja, para tirar proveito de uma inversão no curso dos sucos internos.

E para manter a casca torrada, apesar dos molhos todos, há alguns jeitos básicos. Nos fogões ingleses, é só mudar a posição para "grill" nos dez minutos finais.

Mas descobri um outro truque revolucionário, ensinado mais uma vez pelo
genial Heston Blumenthal. Em um artigo no Times sobre coisas que podemos aprender com os truques nefastos da indústria alimentar - que gosta, por exemplo, de injetar gelatina, água ou ar em sorvetes e presuntos para dar-lhes volume -, ele sugere uma fórmula simples de como, literalmente, encher um frango de suco. syringe220.jpgÌý

É só usar uma seringa, dessas comuns, para absorver os líquidos desprendidosÌýda ave na travessa, e injetá-los diretamente na carne.

Não experimentei ainda, mas achei a ideia sensacional. Fiquei imaginando tantos usos para essa técnica, que me espantei com o fato de a seringa não ter sido oficializada ainda como utensílio de cozinha. Talvez seja por alguma barreira ética - é um pouco estranho encaixar na gaveta, ao lado do saca-rolhas e do espremedor de alho,Ìýum instrumento associado a tratamentos de saúde, doenças e vícios.

Mas imaginem só: injetar vinho branco em maçãs ou peras, leite Moça em morangos, requeijão em nhoque ou tomates, manteiga derretida temperada em batatas ou carnes , limão ou shoyu em peixes, licor de ovo em melancias...

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