Button, o campeão da crise
Jenson Button está de volta à Grã-Bretanha. Passou esta terça-feira a jornalistas britânicos ávidos por saber mais sobre as comemorações e o futuro daquele que, até o início do ano, era um improvável campeão.
A escuderia Brawn é fruto da crise que atingiu a economia mundial em 2007 e se agravou no ano passado. Até o início de março, ela não existia. Os japoneses da Honda haviam decidido, no final de 2008, que não tinham mais condições de despejar centenas de milhões de dólares na Fórmula 1 no meio de uma crise em que a venda de carros ao redor do mundo era uma das maiores vítimas. O engenheiro Ross Brawn, Button e seu colega de equipe Rubens Barrichello estavam, em tese, desempregados, à frente do espólio de uma escuderia japonesa que ninguém parecia disposto a comprar. Mas Brawn conseguiu, na última hora, reunir dinheiro suficiente para adquirir a Honda F1 e inscrever a nova equipe com o seu próprio nome. Mal sabia o experiente engenheiro inglês que estava fazendo história e conquistaria os títulos de piloto e equipe logo no primeiro ano da escuderia.
O escândalo envolvendo Nelsinho Piquet e Flavio Briatore foi apenas uma lembrança de que 2009 entraria mesmo para a história. Antes de começar, a temporada já vinha sendo marcada por brigas envolvendo equipes e o presidente da FIA, Max Mosley. No meio de embate, Eclestone chegou a mudar as regras do campeonato numa canetada, criando um sistema que daria o título ao detentor do maior número de vitórias. A mudança acabou sendo derrubada dias antes da primeira largada, e o campeonato foi disputado do mesmo jeito que os demais. Mas Ecclestone pelo menos sabia que, dentro das pistas, a mais importante categoria do automobilismo passava por uma mudança de poder. Em março, ainda confiante em um novo regulamento, , já que, na sua opinião, o piloto da equipe Brawn tinha grandes chances de vencer as primeiras corridas do ano. Bernie Eclestone recuou, mas provou ser mesmo bom de palpite.
Em janeiro, a crise econômica ameaçava deixar a Fórmula 1 com pouco dinheiro. A própria equipe do novo campeão ainda corria atrás de patrocínios dias antes do início da temporada, na Austrália. Mas Button surpreendeu e chegou à frente dos pilotos e equipes mais famosos e badalados do circuito. Como nas relações internacionais, em que países menos poderosos têm ganhado projeção nunca vista, um ano de dificuldades coroou um piloto pouco acostumado ao pódio e uma escuderia novata. Nada poderia simbolizar melhor esta tumultuada temporada de Fórmula 1 do que o título de Jenson Button, o campeão da crise.