De onde vêm os cabelos?
As mulheres brasileiras têm fama de vaidosas, mas depois que vim morar em Londres, vi que as européias (as britânicas em particular) também gastam muito tempo e dinheiro para se embelezar.
As indústrias de bronzeamento artificial e de aplique de cabelos, por exemplo, são enormes por aqui. Por isso, na mesma onda da preocupação com a origem das roupas vendidas na Grã-Bretanha, agora todo mundo quer saber de onde vêm os cabelos usados nas "hair extensions" que adornam as cabeças de celebridades e de gente comum também.
Eu já tinha ouvido aquelas histórias de gangues que cortam rabos-de-cavalo de meninas nas ruas para vender ou de presidiárias que têm os cabelos cortados e vendidos à revelia, até as versões que diziam que os apliques vinham de gente morta, mas nunca tinha me interessado muito pelo assunto.
Agora, um documentário da ̳, apresentado pela cantora pop Jamelia - bem famosa por aqui, mas quase desconhecida no Brasil, acho eu - foi traçar a origem das madeixas que viram apliques como o usado por ela própria na foto acima.
No melhor estilo investigativo, ela foi até a Rússia, onde viu uma menina de treze anos vender o lindo, loiro e longuíssimo cabelo por 100 libras (aproximadamente R$ 320), apesar de que a compradora do cabelo confessou que normalmente essas meninas recebem apenas um quinto deste valor. Quando os fios chegam a Londres, eles podem ser vendidos por mais de mil libras, ou seja, algo em torno de 3 mil reais.
Em outra parte do documentário, Jamelia pediu uma análise de laboratório de uma mecha do cabelo que ela usou para apresentar um sorteio de loteria na televisão. Os resultados indicaram que a dona dos cabelos morava na região do Chenai, na Índia, perto de uma grande cidade, e comia muito peixe (!).
E lá se foi a cantora descobrir que os hindus têm um ritual de sacrifício da beleza em que eles raspam completamente a cabeça em agradecimento por uma benção ou como forma de pedir algo aos Deuses. Adivinhem o que acontece com os longos cabelos negros? São vendidos pelos templos a fábricas, que processam e exportam os apliques.
Mas de exploradores, os templos passam a bons moços, quando Jamelia vê que eles usam o dinheiro conseguido com a venda dos cabelos para alimentar os pobres indianos.
No fim, um assunto que eu pensei que seria bastante superficial acabou rendendo um programa interessante sobre a importância dos cabelos compridos em algumas culturas, e de sacrifícios por motivos financeiros ou espirituais que acabam virando parte da fogueira das vaidades em que vivemos hoje em dia.
dzԳáDzDeixe seu comentário
eu já vendi meu cabelo! pagaram bem até(acho que uns 150 reais)... e se eu não me engano dava uns 15 cm de cabelo. Ele não era bem cuidado e é bem pouco, então acho que o valor foi bom. Pelo menos deu pra pagar o corte novo que eu fiz!
Uma amiga fez aplique na tailândia e pagou o equivalente a 25 reais por 18 cm de cabelo. E o cabelo era lindo.
agora...mil libras...
vou deixar meu cabelo crescer de novo e ir passar uma semana em londres. Quem sabe os cabelos paguem minha viagem.
Parece fútil ou trivial, mas acho isso da maior importância.
O que alimenta a indústria , não da beleza, mas do embelezamento, desafia qualquer idéia por mais estranha que se possa ter.
A única coisa que jamais muda é que sempre, *sempre* tem alguém sendo explorado, e não há inocentes, nesse negócio.
Bacana o post.
M.
Eu não ligo para documentários e reportagens sobre beleza, mas pelo que contou nesse post fiquei bastante interessada no documentário por causa da abordagem cultural do tema.
O texto me faz lembrar uma frase muito antiga: os fins justificam os meios.cvjw8t
A vaidade humana, faz parte da história da humanidade! A vaidade é um "virus" colocado por Deus para evitar que as pessoas se tornem muito poderosas! Pode estudar na história que a maioria das pessoas perdeu o poder pela vaidade extremada!
Mas... um tema levantado por você, Iracema, não ficou claro nesta matéria: foi se acontece de ladrões cortarem cabelos das vítimas apenas para vender.
Eu acredito que até possa acontecer. Aqui no sul, não vejo muito. Pessoalmente, nunca vi, mas já ouvi falar em acontecer isso.
De qualquer forma, o assunto o post foi muito bem levantado e é bom saber que, no final das contas, pelo menos na índia, as pessoas revertem o dinheiro pago pelos cabelos para pessoas pobres.
No Brasil, do jeito que está, isso iria virar uma CPI, uma sindicância para saber quem é que está lucrando com isso tudo. E, no final das contas, o culpado seria preso... mas a justiça mandaria soltá-lo!
Acho um nojo usar cabelo alheio. No-jo! Pode lavar, tratar, pintar, mas acho um nojo total. Eca!