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Para você passear com Cildo Meireles; leia, veja e comente.

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Neli Pereira | 2008-11-14, 12:50

cildo_sala203.jpg Ainda bem que eu pude filmar a retrospectiva de Cildo Meireles na Tate Modern, aqui em Londres. Penso que seria uma injustiça sem tamanho falar da exposição sem que pudesse dar a todos a oportunidade de também visualizar um pouco não apenas do visual impecável das obras do brasileiro, mas também participar delas, já que foi com essa intenção que foram feitas.

Ao entrar, a primeira sala decepciona um pouco. Alguns quadros na parede, outras obras em plintos, molduras. Até você pisar no segundo ambiente da exposição e ver seus conceitos de peso, medida, tempo e espaço revistos. Até Meireles nos convidar para deixar o seu universo e entrar no de suas obras.

Assista a um clipe com as principais obras da exposição

Em todas as oito grandes instalações presentes na exposição, o convite de se aventurar entre, dentro, ao redor e através das obras se refaz.

Seja nas moedas, óstias e ossos da macabra Missões - um chão de moedas e um teto de ossos unidos por um cordão de hóstias. Ou ainda na variedade de texturas da instalação ´¡³Ù°ù²¹±¹Ã©²õ, com suas grades, arames farpados e chão de vidros quebrados que repele pela aparência mas seduz na possibilidade de continuar explorando o "labirinto proibido", como chamou Meireles.

Uma das principais atrações (e experiências) da mostra é a instalação Fontes. Inspirada na espiral da Via Láctea, a sala é um labirinto de metros que caem do teto, em quatro paredes forradas de relógios e um chão coberto de números.

Os objetos trazem em si, como esclarece o próprio Meireles, a possibilidade das medidas, de tempo e de espaço. Curiosamente, essas são exatamente as noções que eu perdi ao entrar na obra do artista.

Veja aqui um clipe da instalação

Outra atração são os três ambientes que compõem a série Desvio para o Vermelho. Na entrada, o espectador se depara com uma sala branca mobiliada apenas com móveis e objetos vermelhos.

A frieza do que poderia ser uma página de uma revista de decoração logo se transforma em uma experiência envolvente, novamente por causa da participação.

Eu abri as portas do guarda-roupa, as gavetas, a geladeira, tudo para encontrar mais e mais objetos, roupas, papéis e adereços vermelhos. Daí a experiência de explorar a obra se torna tão envolvente quanto a cor dos móveis.

Assista a um clipe da instalação

Andar pela Tate Modern em caminhos instalados por Cildo Meireles é certamente um grande programa cultural, mas, sobretudo, uma grata experiência sensorial.

Depois de Hélio Oiticica, a Tate Modern surpreende com a mostra de Meireles.

Em comum, os dois possuem a afinidade pelo tão brasileiro movimento neoconcreto e seus preceitos de transformar a arte em um organismo vivo, em aproximá-la da vida e em convidar o espectador a deixar de sê-lo e se tornar parte da obra.

Um convite que, no caso dessa exposição de Meireles, parece irresistível.

Com a sagacidade de artistas como Duchamp ou Magritte, Meireles faz ainda um outro convite: o de repensar a obra de arte.

°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário

  • 1. à²õ 02:18 PM em 16 nov 2008, Samara escreveu:

    Essa obra Desvio para o vermelho é incrível visitei-a em Brumadinho ( 60 km de Belo Horizonte aproximadamente) num museu aberto chamado INHOTIM.. é simplesmente magnífico!!

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