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Arquivo para agosto 2008

Música estranha pra gente esquisita

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Pablo Uchoa | 16:32, terça-feira, 26 agosto 2008

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Oliver Mtukudzi, uma estrela zimbabuana da grandeza de um Gilberto Gil (foto aí embaixo), me deu um aperto de mão esses dias.

Tudo bem, concedo, talvez a maioria dos brasileiros aqui na Inglaterra prefira Mick Jagger ou Paul McCartney - mas suspeito que por onde circulo não passam exatamente as cobiçadas estrelas do pop.

Se bem que é mais ou menos isso que virou o grupo Tinariwen, banda do Mali que caiu nas graças do mundo ocidental misturando guitarras de rock e blues com hipnóticas melodias tuareg. Tornou-se uma espécie de fenômeno de vendas e de público.

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Pois outro dia, após um show do grupo que deixou a platéia esvaída, passei uma boa hora conversando e até trocando email com os seus integrantes, junto com uma amiga que desde então não pára de falar em planos de viagem para o país.

Groupies da world music? Que seja. Não é todo dia que se assiste, a dois metros de distância, a uma apresentação do camaronês Manu Dibango, autor de Soul Makossa, a canção que inspirou Michael Jackson em seus bons tempos (o leitor recordará do final de Wanna Be Starting Somethin', "mama-ko, mama-sa, ma-ka-ma-kos-sa"...).

Vivendo em Londres, é impossível torcer o nariz para a facilidade de se abrir a Time Out qualquer dia e escolher o show de um artista de qualquer - literalmente qualquer - estilo ou origem. Do flamenco fusion de um Ojos de Brujo às canções melódicas como as nossas da cabo-verdiana Mayra Andrade, passando por uma apresentação de músicos de Bollywood ou de tradicionais mariachis mexicanos.

É verdade que mesmo no Brasil há algumas oportunidades. Em São Paulo já consegui assistir, de última hora, a uma apresentação do argelino Rachid Taha, que lota platéias em Paris e tocou para relativamente poucas pessoas na choperia do Sesc Pompéia.

Na internet, os interessados podem acompanhar em português aos programas da rádio web , transmitida de Porto Alegre.

Já uma amiga de Belo Horizonte certa vez reclamou do público escasso que acudiu a ver os cubanos do Buena Vista com seu mais novo talento, o virtuoso pianista Roberto Fonseca, que faz jus ao saudoso Rubén González.

Roberto Fonseca, aliás, que vi pela primeira vez em apresentação solo no Jazz Café, uma de minhas casas favoritas de show em Londres, onde se pode até sentar no palco, de cerca de três metros por quatro.

Aqui na Inglaterra, o Buena Vista da Etiópia, Éthiopiques, teve direito a palco e transmissão ao vivo pela TV no festival de Glastonbury.

Vitrine melhor, impossível. Mais que isso, só aproveitando a facilidade - também incrível, mais que em qualquer outro país da Europa, que eu saiba - de chegar ao aeroporto, comprar uma passagem pra onde apontar a veneta e sair in loco caçando música por aí.

Interessado em baixar em um festival em Zanzibar ou na ilha do Sal, dançar ao som de Femi Kuti em Lagos ou da Orquestra Baobab em Dacar, se acabar em um ensaio de escola de samba no Rio de Janeiro?

Mas aí já são assuntos pra dez outros blogs.

Aliás, alguém mencionou por aí que isso aqui é uma ilha?

Do VHS ao DVD e além...

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Eric Camara | 14:47, quinta-feira, 21 agosto 2008

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Me lembro bem do dia em que vi o primeiro aparelho de videocassete. Uma coisa espetacular, a fita entrava por cima do aparelho, descia feito um elevador e - maravilha das maravilhas -em segundos a casa se transformava em um cinema.

Não demorou para surgirem os videoclubes. Íamos escolher as fitas em comitiva, quantos aniversários de amigos não tiveram como ponto alto um filme de vídeo?

Passou um tempo, a novidade, e ver filme em casa se tornou uma coisa normal - a ida ao videoclube, um mal necessário.

Uns anos depois de me mudar para a Inglaterra, fiquei sócio da Blockbuster e, algumas vezes, faltou pouco para lançar uma bomba (de chocolate!) contra a loja. A seleção de filmes era péssima, o atendimento horroroso e as taxas por atraso na entrega das fitas, extorsivas.

Foi aí que descobri a última maravilha no mundo do vídeo: locadoras online. Você se cadastra, elabora uma lista interminável de filmes, DVDs, e espera eles chegarem na sua casa. Sem perda de tempo ou taxas por atraso!

Esses dias, passei em frente à "minha" Blockbuster e - vejam só, quem diria... - virou supermercado.

E quando eu pensava que tinha encontrado a forma perfeita de ver filmes em casa, eis que leio a última novidade: filmes online. Tudo igual, a listinha para receber dicas de amigos e de leituras, pagamento simples. A única diferença é que você pula a parte do correio e baixa direto pela internet.

A Apple já faz isso nos Estados Unidos. Coitados dos Correios...

Em tempo: para os fãs de torrents e afins, pirataria é crime.

A chegada dos gastrossexuais

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Iracema Sodre | 18:07, segunda-feira, 11 agosto 2008

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Uma revolução subestimada. É assim que foi classificada por uma pesquisa britânica a chegada dos homens às cozinhas do país.

Os números impressionam: desde 1961 o tempo que os homens passam cozinhando e lavando louça aumentou mais de cinco vezes, de meros cinco minutos para 27 minutos diários.

jamieoliver.jpg

A atividade, que antes era vista como algo para os "efeminados", agora virou coisa de macho, graças (ainda segundo a tal pesquisa, encomendada por um grupo de produtos alimentícios chamado PurAsia) à imagem passada por chefs famosos como Jamie Oliver (na foto com a esposa) e Gordon Ramsay. Cozinhar, hoje em dia, faria os homens passarem uma imagem mais sofisticada e moderna.

Mas o melhor é a nova categoria criada na tal pesquisa, a dos gastrossexuais. Segundo o documento, os gastrossexuais são, em sua maioria, homens entre 25 e 44 anos, bem-sucedidos e com uma paixão por culinárias do mundo todo.

E por que eles estariam tão interessados em comida?

1 - Como um hobby, uma forma de se atualizar
2 - Para receber elogios, já que os gastrossexuais gostam de exibir suas habilidades
3 - Para impressionar namoradas em potencial ou mesmo para seduzir

Ao contrário do que se imaginaria, eles não cozinham só em churrascos e em festinhas para os amigos. 53% dos entrevistados aqui na Grã-Bretanha disseram cozinhar usando diferentes ingredientes (logo não apenas abrindo uma lata ou esquentando alguma coisa no microondas) quase todos os dias! E garantem que preferem preparar elaborados pratos estrangeiros no lugar das receitas mais tradicionais.

É uma tendência interessante...desde que eles não abandonem as panelas e espátulas assim que arrumarem uma mulher, claro.

Deficiência e moda

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Ilana Rehavia | 15:36, quarta-feira, 6 agosto 2008

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Muito se debate sobre a magreza das modelos nas passarelas do mundo. As gordinhas até agora não tiveram vez. E se alguns quilos a mais são tabu, como o mundo da moda encararia uma modelo deficiente física?

Foi exatamente isso que a ̳ tentou descobrir com o programa Britain's Missing Top Model (A Modelo Faltando da Grã-Bretanha, em tradução-livre).

Com um formato parecido com o Brazil's Next Top Model, o programa da ̳ colocou oito meninas à prova com ensaios fotográficos, desfiles e outros desafios, eliminando uma por semana. As candidatas tinham deficiências e problemas diversos, entre elas uma paraplégica, duas garotas sem parte dos braços, uma com esclerose múltipla e duas deficientes auditivas.

O programa foi bem carregado de dilemas morais e éticos e levantou várias questões sobre a deficiência física e a reação das pessoas a ela. Teve desde acusações de que as deficientes auditivas não mudariam a percepção da indústria da moda pela surdez não ser "visível", até críticas a uma das fotógrafas, que escondeu as deficiências de todas as candidatas que fotografou.

Eu achei o programa bem interessante, mas me pergunto se a vencedora Kelly Knox (uma das meninas que não tem o antebraço) vai conseguir desenvolver uma carreira além do ensaio fotográfico que ganhou na revista Marie Claire daqui. Será que o mundo da moda está preparado para aceitar diferentes formas de beleza? Tenho minhas dúvidas...

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